Meninas de bicicleta Que fagueiras pedalais Quero ser vosso poeta! Ó transitórias estátuas Esfuziantes de azul Louras com peles mulatas Princesas da zona sul: As vossas jovens figuras Retesadas nos selins Me prendem, com serem puras Em redondilhas afins. Que lindas são vossas quilhas Quando as praias abordais! E as nervosas panturrilhas Na rotação dos pedais: Que douradas maravilhas! Bicicletai, meninada Aos ventos do Arpoador Solta a flâmula agitada Das cabeleiras em flor Uma correndo à gandaia Outra com jeito de séria Mostrando as pernas sem saia Feitas da mesma matéria. Permanecei! vós que sois O que o mundo não tem mais Juventude de maiôs Sobre máquinas da paz Enxames de namoradas Ao sol de Copacabana Centauresas transpiradas Que o leque do mar abana! A vós o canto que inflama Os meus trint'anos, meninas Velozes massas em chama Explodindo em vitaminas. Bem haja a vossa saúde À humanidade inquieta Vós cuja ardente virtude Preservais muito amiúde Com um selim de bicicleta Vós que levais tantas raças Nos corpos firmes e crus: Meninas, soltai as alças Bicicletai seios nus! No vosso rastro persiste O mesmo eterno poeta Um poeta – essa coisa triste Escravizada à beleza Que em vosso rastro persiste, Levando a sua tristeza No quadro da bicicleta. Vinicius de Moraes Foto fonte da Internet |
27 de dezembro de 2011
Balada das meninas de bicicleta...
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário